"Ordinariamente nossa experiência no espaço se dá de tal maneira que não passa pela nossa consciência que ele é o elemento no qual estamos imersos. Assim, o espaço em torno de nós se torna de certa forma tão invisível quanto o espaço em nós. Com recursos simples e de maneira direta, Isabela Prado nos estimula para o descobrimento de um espaço humanizado fora da lógica regida por convenções habituais. Na instalação interativa intitulada A 1:57 m, desde que tenhamos uma altura superior à indicada, de modo que nossa cabeça fique acima dos elásticos estendidos de ponta a ponta na sala, somos confrontados com uma curiosa experiência espacial onde o piso se vê visualmente em parte obliterado, provocando uma certa sensação de desterramento, de perda do chão. Em situação diversa, se tivermos a altura menor ou igual à da artista, a perda da referencialidade parcial do teto vem acompanhada de uma sensação que será a de exigüidade do espaço, causando um certo desconforto. Tudo se passa como se esta obra provocasse uma abundância de sensações do espaço e de sua consciência para nós, onde o exterior / interior e o alto / baixo tornam-se limites momentaneamente inoperantes. Como conseqüência, toda a nossa experiência interior se revela como realidade exterior através de um lugar situado fora de nós mesmos, suscitando necessariamente várias impressões, que podem ter contornos mais lúdicos, indo até uma reflexão mais interiorizada sobre isolamento ou sobre ponto de vista, tanto no sentido espacial, como no sentimento a respeito de algo. "
Maria do Carmo Nino, Coordenadora de Artes Plásticas da Fundaj e curadora do Projeto Trajetórias
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